Era noite. Uma noite normal, nem quente nem fria. Apenas mais uma noite. Ela estava sentada em sua cama com uma caneca de café fumegando e um cigarro aceso, olhava fixamente para a parede da frente, a única luz no quarto além da que vinha da rua, era a de uma pequena vela no canto do cômodo. O escuro da noite a acalmava, fazia com que colocasse as idéias no lugar, só que dessa vez estava diferente, como se tivesse algo interferindo. Nessa noite em especial, o escuro da noite e o silêncio absoluto não traziam as respostas de que ela tanto precisava. Quanto mais ela tentava colocar as coisas em ordem, mais as coisas fugiam do seu controle, a começar pelo seu coração que insistia em bater descompassado. O que causou isso, ela bem sabia, só não sabia o porque de ter causado. Olhando fixamente para a parede escura ela viu de relance a chama da vela dançar e foi então que tudo fez sentido. Era o fogo adormecido em seu interior, basto vê-lo naquele dia para ficar assim, e depois de vê-lo, tudo fugiu do controle. Foi como se uma brisa batesse numa pequena brasa desse fogo adormecido, a brisa soprou delicadamente, mas foi o bastante para reacender a chama, aquela chama negra em seu interior, a chama causadora de tanta inquietação, a chama que dava força para a fera que habitava seu peito, a fera que ela não podia controlar, e também pudera, quem controlaria? A fera há muito adormecida, a fera que se chamava amor. De repente tudo ficou claro, para se manter no controle teria de ficar longe dEle, o ser a quem a fera em seu interior desejava. Ela passou tantos anos evitando-o, e bastou um olhar e um toque de sua pele para deixá-la assim, sedenta por mais.
Ela manteria distância, recuperaria o controle,manteria o fogo adormecido ou ao menos tentaria todo custo.. Pois ela sabe que é fácil evitar um olhar, mas sabe também que não pode evitar a brisa, brisa essa que acaricia a brasa do fogo adormecido, brisa essa que se chama saudades...
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